manifesto poesia viva




escrever um poema é fácil.
deixa-lo no papel é mais fácil ainda.
transcende-lo.
leva-lo do céu ao ralo.
o que vale a leitura de bunda no fofo?
ir a rua. usar o espaço. espacializar.
pensar os poemas pro além caixinha.
pensar em muros, em chãos, em blocos.
a poesia viva precisa ir as ruas.
precisa de movimento.
a ausência de movimento é a morte.
qual o limite de um poema?
o palpite do leminski é que o grafite era o limite. e o que mais?
e aonde mais?
e como mais?
a transcendência celulótica da poesia é responsabilidade de todos.

poder ser poeta é
maior do que ser poeta.
poder ser grande.
poder ser pequeno.
poder.
só uma página em branco está disposta a virar um poema.
só um espaço vazio comporta nossos anseios.
tudo o que eu pensar ser possível já não tem graça.
quero mesmo o possível inimaginado.
quero mesmo que o fim seja começo.
em espiral.

e o sentido disso tudo? o sentido tem que ser sentido.
a explicação tem que ser sem palavras.
uma noite silenciosa só é. numa noite silenciosa eu sou.
transcender o poema, transcender o poeta.
fazer poesia sem palavras, direto ao ponto, direto ao íntimo.
expressar sem pressa.
observar, absorver, deixar passar.
uma carta aberta ao nada.
depois do fim, mais um fim. e mais outro. e mais outro.
uma infinidade de fins sucessivos.
não nos contentemos com a caixinha. e nem com o caixão.
limite seus limites a nenhum.
ser poeta é a premissa básica da vida. 
a forma pra expressar a poesia é variada.
do canto do sabiá a construção abandonada.
poesia viva é poesia em movimento.

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