"Para extrair uma palavra,
milhões de toneladas de palavra-prima."
Maiakóvski
cerro os olhos pra alcançar minha colheita
deito
sinto o solo que cultivo
raízes podres
de mágoas
mas choro
e o choro
enche co-
mo cheia
inunda o vasto campo
e boio
boio
sem boia
boa
bota
boa
esco-
lha
boa
bosta
tudo o que plantei pelo ralo
que nem entope de tão pequenas
palavras-plantas
plantinhas-palavrões
cu
pau
foda
eu
amo
levados somos pela correnteza
quem sabe numa encruzilhada-esgoto
nos encontremos
quem sabe num bueiro cheio
formem-se então lindos
poemas
vão
voam
escoam
palavrinhas minhas
que
não
pude
cultivar
- falta-me a pá!
em
fim
tudo perdido
num chorinho bobo
Nenhum comentário:
Postar um comentário